Educação
De volta às salas de aula
Cumprindo o decreto estadual, escolas em Pelotas retornaram com atividades presenciais de alunos sem comorbidades
Jô Folha -
Após quase 20 meses, o movimento nas ruas de Pelotas esteve diferente na manhã de segunda-feira. O dia foi marcado pelo retorno obrigatório das aulas presenciais para alunos sem comorbidades nas redes pública e privada, determinado pelo governo do Estado no último dia 29. Entre as escolas municipais, no entanto, apenas quatro retomaram as atividades. A maioria dos educandários do município deve retornar somente na quinta-feira, data limite para as instituições de ensino se organizarem quanto ao revezamento de turmas. A orientação não ficou clara para todos e alguns pais compareceram com os filhos para as aulas ontem, sem saber da possibilidade de adiamento para reorganização.
A decisão do governo estadual divide opiniões entre alunos, pais e responsáveis. O aluno da 3º ano do Ensino Médio, Lucas Soares, retornou à escola nesta segunda após o período remoto e discorda da volta às salas neste momento. "Eu não queria voltar nessa etapa do ano, pela questão da insegurança da saúde com a Covid-19 e achei desnecessário as aulas voltarem em uma semana sim e outra não, com duas semanas para concluir um ano letivo inteiro", desabafa.
Já a aluna do 1º ano do Ensino Médio, Eduarda Piegas, concorda com o retorno presencial. Ela também estava com aulas remotas e a segunda-feira foi de reencontro com alunos, professores e com a escola. "Eu achei bom esse revezamento porque é muita gente numa turma só e aí fica aglomerado. Eu não tinha voltado antes porque a pandemia estava muito forte e agora deu uma diminuída", conta a estudante.
Retorno das escolas municipais aos poucos
Visando a melhor organização das escolas da rede municipal, a Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed) orientou equipes diretivas para que o retorno seja na quinta em escolas maiores. Entretanto, para a comunidade escolar, que acabou indo até as instituições de ensino e precisando retornar após impedimento da entrada, a informação não ficou clara. Isso porque em nenhum meio de comunicação da prefeitura havia a situação detalhada.
Pai de um aluno do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Municipal Pelotense, Geison Nunes discorda do retorno agora e precisou retornar para casa com o enteado quando soube do retorno apenas no dia 11. "Eu não acompanhei as redes sociais da escola, vi só o decreto que dizia que dia 8 voltava tudo", comenta.
"Eu acho errada a situação, porque meu vizinho é enfermeiro e ele disse que no hospital está tendo um surto de pessoas internadas com Covid. Colocar as crianças em risco assim eu acho uma falta de responsabilidade. Dia 15 de dezembro começam as férias. É grupo A e grupo B, vão assistir o que? Duas semanas de aula? Vão aprender o que nesse período?", reclama Nunes, que acrescenta que o enteado mora com pessoas com comorbidades, o que também o preocupa: "o único que não tem comorbidade sou eu, a minha esposa, meus sogros e meu outro enteado têm. É uma preocupação porque a gente não sabe o que pode se tornar isso daí", referindo-se ao retorno.
A secretária de Educação, Adriane Silveira, explica que, para o retorno, foi acatada a solicitação de grande parte dos diretores para conversar com suas comunidades escolares para alinhar, principalmente, o revezamento de alunos. "Nessa reunião também foi definido que os alunos que já estavam no ensino híbrido seriam os primeiros a retornar nesta semana à presencialidade, ficando a volta dos demais alunos, que estavam apenas em ensino remoto, definida para a próxima semana", destaca a secretária.
Em relação ao não detalhamento de informações quanto à volta na rede municipal, a assessoria de comunicação da prefeitura afirmou não ter tido conhecimento do período de organização de algumas instituições entre esta segunda e quarta-feira. As escolas de Ensino Fundamental (Emefs) Erasmo Braga, Júlio de Castilhos, Lima e Silva e Evaristo da Veiga foram algumas que já voltaram. Segundo levantamento da Smed, apenas essas quatro puderam retornar na segunda. Outras 88 escolas voltarão até quinta-feira e cinco não tem condições estruturais de voltar, mantendo o ensino remoto.
Privadas também retornaram
Além das escolas públicas, a rede privada também retornou obrigatoriamente com as atividades presenciais. A diferença destas instituições para as municipais e estaduais é que as turmas que estiverem em casa terão acesso às aulas em tempo real, diferentemente das públicas, que ficarão apenas com exercícios de reforço passados pelos professores.
Conforme o Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe/RS), das dez escolas na região de Pelotas que responderam à pesquisa disponibilizada pelo sindicato, cinco precisaram fazer revezamento de alunos e cinco não. Por enquanto, nenhuma das redes de ensino tem informações de quantos alunos deverão ficar em casa devido a comorbidades.
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